Sagittarius

A constelação de Sagittarius (Sagitário) é uma das constelações do Zodíaco. Ocupa uma região do céu atravessada pelo disco da Nossa Galáxia sendo por isso muito rica em enxames abertos e nebulosas. O próprio centro da  galáxia fica nesta constelação. Sagittarius faz  fronteira com as constelações Scorpius ( Observação do Mês nº43 - Julho 2005 ), Corona Australis ( Observação do Mês nº56 - Agosto 2006 ), Telescopium, Indus, Microscopium, Capricornus ( Observação do Mês nº57 - Setembro 2006 ), Aquila ( Observação do Mês nº31 - Julho 2004 ), Scutum ( Observação do Mês nº44 - Agosto 2005 ), Serpens ( Observação do Mês nº30 - Junho 2004 ) e Ophiucus ( Observação do Mês nº18 - Junho 2003 ). Pode identificar-se facilmente a sua localização no céu tendo como ponto de partida a constelação de Escorpião ou de Águia.

Figura 1 - A constelação de Sagitário e a sua vizinhança.

Ascella (zeta-Sgr) é um sistema binário composto por uma estrela gigante de classe espectral A2 e por uma subgigante de classe espectral A4. As duas estrelas rodam em torno uma da outra completando uma volta a cada 21 anos. A separação das duas estrelas não está ao alcance de pequenos telescópios. Nestes o sistema surge como uma estrela isolada de magnitude aparente 2.6.

Arkab Prior (beta1-Sgr) e Arkab Posterior (beta2-Sgr) formam um binário aparente. As duas estrelas, embora estejam praticamente na mesma linha de visão,  estão na realidade separadas por  mais de  200 anos luz. Uma observação atenta revela a presença de uma companheira de magnitude aparente 7 junto a Arkab Posterior.

Por se encontrar na direcção  do disco da Via Láctea a constelação de Sagitário é particularmente rica em Enxames Abertos e Nebulosas. Aqui indicamos apenas os mais brilhantes (magnitude aparente superior ou igual à grandeza 8).

Figura 2 - Zona da constelação de Sagitário rica em Enxames Abertos.

M8 também conhecido por Nebulosa da Lagoa é uma nebulosa difusa perfeitamente visível a olho nu numa noite escura. Trata-se de uma enorme nuvem de gás (110x50 anos luz) onde estão a nascer novas estrelas. A observação com um pequeno telescópio e mesmo com binóculos, deve revelar a presença do enxame aberto NGC 6530 no seu interior. Trata-se de um enxame aberto com cerca de 25 estrelas jovens com magnitudes aparentes não superiores à grandeza 7. Na parte central e mais brilhante de M8 pode observar-se a Nebulosa da Ampulheta. O brilho intenso desta região resulta da excitação do gás por estrelas jovens e muito quentes. Em particular as estrelas  Hershel 36 (mag. 9.5, classe espectral 07) e 9 Sgr (mag. 6.0, classe espectral O5) são responsáveis por grande parte do brilho que observamos nesta nebulosa. Em M8 existem também os chamados glóbulos escuros que são regiões relativamente pequenas (diâmetro da ordem de apenas alguns milhares de Unidades Astronómicas) de matéria proto-estelar em colapso.

M17 é uma nebulosa difusa também conhecida como Nebulosa Omega, Nebulosa do Cisne ou Nebulosa da Lagosta. Observada com pequenas ampliações tem a aparência da cauda de um cometa. Numa das extremidades existe um pequeno enxame de estrelas (cerca de 40).   São estas estrelas que iluminam a nebulosa excitando os gases da mesma e consequentemente a fazem brilhar. A massa total da nebulosa ronda as 800 massas solares. A extensão da nebulosa é de aproximadamente 15 anos luz.

M20 é uma nebulosa difusa  também chamada de  Nebulosa Trífida devido a se apresentar dividida em três lóbulos por riscas de poeira que a atravessam. Esta estrutura contudo só pode ser observada com um bom telescópio. Com um pequeno telescópio é possível observar as estrelas existentes no coração da nebulosa.

Existem também alguns Enxames Fechados na constelação de Sagitário. 

O enxame fechado M22, que é um dos mais brilhantes (é visível a olho nu), tem a particularidade de se situar muito próximo da ecliptíca pelo que conjunções deste com os planetas do Sistema Solar ocorrerem com alguma frequência.

M24  não é na realidade um Enxame Fechado mas sim um grande campo de estrelas distantes localizado no disco da Nossa Galáxia. É o chamado Campo de Estrelas do Sagitário. Este campo estende-se em profundidade dos 10 000 até aos 16 000 anos luz. A olho nu surge como uma pequena mancha. Com binóculos são visíveis centenas de estrelas.

O Enxame Fechado  M54, situado nas proximidades de zeta-Sgr, embora seja suficientemente brilhante para ser observado com binóculos pode até passar despercebido pelo facto ser tão denso que mais parecerá uma simples estrela. Em 1994 descobriu-se que este enxame não pertence à Nossa Galáxia, como se supunha anteriormente, mas sim à Galáxia Anã do Sagitário (SagDEG), uma pequena galáxia elíptica que está em processo de colisão com a Nossa Galáxia.

Junto à fronteira de Sagitário com Escorpião e Ofíuco fica o  Centro da Nossa Galáxia. Embora exista uma grande concentração de estrelas no centro da Galáxia grande parte da radiação proveniente dessa região é absorvida e reflectida pelas imensas nuvens de gás  e poeiras existentes ao longo dos cerca de 30 000 anos luz que nos separam do centro.