Publication Date: 19/01/2023

Book launch "Gente Comum - uma história na PIDE" by Aurora Rodrigues

Gente Comum - uma história na PIDE é o título do livro que irá ser lançado no dia 25 de janeiro, pelas 18h, no Auditório da Reitoria da Universidade da Madeira, no edifício do Colégio dos Jesuítas, um evento organizado pelo Conselho de Cultura da UMa.

A obra teve uma primeira edição em 2011 e uma segunda edição, pouco tempo depois, a cargo da editora 100 Luz. Por motivos profissionais da autora não foi apresentado na Madeira. Contém um relato da prisão política e tortura vivida por Aurora Rodrigues às mãos da polícia política da ditadura, em maio de 1973, com 21 anos.

A introdução e contextualização são da autoria da antropóloga Paula Godinho e do historiador e escritor António Monteiro Cardoso, entretanto falecido, que deixou nesta obra uma análise histórica brilhante da época.

Associando-se à homenagem a José António Ribeiro Santos, no 50º aniversário do seu assassinato pela PIDE, a editora Parsifal publicou uma nova edição em novembro de 2022, enriquecida por documentos inéditos como sejam as cópias do próprio processo, interrogatórios, ato de busca e apreensão, recusa por parte da PIDE de assistência de advogado, minuta de uma procuração enviada por um advogado, em nome da presa, que nunca lhe foi dada a conhecer. Tem, ainda, uma nota prévia (Exposição de Motivos) da autora, que contém factos novos e esclarecedores. Mantém a espontaneidade e a memória autêntica da arbitrariedade da prisão e a brutalidade da tortura, com recurso a um longuíssimo período de privação contínua de sono, afogamento, espancamento de bestialidade extrema.

Aurora Rosa Salvador Rodrigues nasceu em 1952 no Alentejo. Através de ajudas várias e uma bolsa de estudo, chegou à Faculdade de Direito de Lisboa, com 17 anos, no ano letivo de 1969/1970. Foi ativista estudantil, pela liberdade e pelo fim da guerra colonial e do colonialismo. Com 20 anos assistiu ao assassinato, a tiro, pela PIDE, do estudante de Direito, José António Ribeiro Santos, seu amigo, camarada, colega, ao lado de quem se encontrava, numa reunião de estudantes, contra a repressão e a guerra colonial, no dia 12 de outubro de 1972. Nessa mesma noite, passou de mera ativista estudantil a militante da organização revolucionária e partidária a que José António Ribeiro Santos pertencia - a Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas, secção estudantil do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado. Saiu dessa organização em março de 1977, sem que posteriormente tenha mantido qualquer outra ligação partidária. Foi presa a 3 de maio de 1973, num protesto estudantil na Cidade Universitária, em Lisboa. Voltou a ser presa no dia 28 de maio de 1975, depois do 25 de Abril, com mais 430 pessoas, por razões que até hoje desconhece. Foi, a partir de 1979, professora de língua e literatura portuguesa, no Funchal. Ingressou depois no Centro de Estudos Judiciários, em Lisboa, seguindo a carreira de Magistrada do Ministério Público, a partir de 1986, de que está hoje jubilada. Vive em Évora.

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