Data de publicação: 21/02/2020

Investigador do ISOPlexis integra estudo europeu

Miguel Ângelo Carvalho, Docente da Faculdade de Ciências da Vida e Investigador do ISOPlexis - Centro de Agricultura Sustentável e Tecnologia Alimentar, da Universidade da Madeira, participou num estudo da rede europeia “Super Ação B - Polinização Sustentável na Europa”, para avaliar a Importância das Estruturas de Foco Ecológico (EFA) na Agricultura Sustentável e na Conservação dos Polinizadores. Este estudo, liderado pelo Scotlland Rural Colledge (SRUC), envolveu 22 especialistas de 18 países e foi publicado no passado dia 17 de fevereiro, pela Journal of Applied Ecology, com o título “A critical analysis of the potential for EU Common Agricultural Policy measures to support wild pollinators on farmland”. Os insetos polinizadores (abelhas, abelhas solitárias e moscas) são importantes para a produtividade de 70% das culturas agrícolas praticadas em todo o mundo. E por isso, destaca-se a necessidade de criar uma variedade de estruturas e habitats interconectados nos agrossistemas, que mediante boas práticas de gestão agrícola se complementem nos recursos e condições disponibilizadas para a manutenção das populações de polinizadores. Um declínio no número de polinizadores de insetos foi atribuído à agricultura intensiva e à perda associada de habitats ricos em espécies vegetais, que forneçam alimentos, locais de nidificação e reprodução. As EFAs foram introduzidas pela Política Agrícola Comum (PAC) da UE de 2014, que definiu um conjunto de características e estruturas da paisagem e do habitat, que os agricultores precisavam incorporar nos agrossistemas (explorações agrícolas) para receber ajudas ambientais. Estas EFAs visavam diminuir o impacto ambiental de uma agricultura, baseada em práticas insustentáveis (monocultura intensiva, agroquímicos) e na destruição de estruturas de apoio tradicional), que fizeram diminuir a diversidade e as populações de insetos polinizadores, colocando em causa uma série de serviços ecológicos prestados pela agricultura. Na Madeira, estruturas de focus ecológico podem ser consideradas ou estão representadas pelos muros de pedra emparelhada, terraços (poios), pluricultura, bordaduras (margens do terreno) com espécies aromáticas e nativas, e cabeceiras com árvores de fruto ou outras. Os serviços destas EFAs são potenciados pela Agricultura de manutenção (Conservação) e o pelo Modo de Produção Biológico. Os investigadores envolvidos no estudo uniram esforços para avaliar o potencial das diferentes opções de EFAs, e a sua variação, no apoio e captação de insetos polinizadores, em condições de gestão padrão (agricultura convencional) ou “amigável” (agricultura biológica ou agricultura de conservação) dos agrossistemas. Assim como, as alterações nos esquemas agroambientais, que devem ser introduzidas para melhorar o papel e as funções das EFAs. Estes especialistas analisaram uma variedade de estruturas e habitats de vida selvagem (EFAs) nos agrossistemas e concluíram que apesar do investimento significativo muitas são pouco eficientes na disponibilização dos recursos e condições que devem fornecer para atividade dos polinizadores. Para além disso, as EFAs definidas na PAC não estão adequadas à realidade agrícola de diversos Países Europeus, em particular dos Países do Sul da Europa. Estes investigadores identificaram oportunidades substanciais para melhorar a qualidade dos habitats agroambientais, implementando práticas de maneio e gestão mais “amigáveis” para os insetos polinizadores. Estas melhorias aumentariam não apenas a abundância, mas a gama de recursos no agrossistema. As conclusões do estudo, que foi financiado no âmbito do programa “Super Ação B - Polinização Sustentável na Europa”, serão usadas junto dos decisores políticos e a sociedade (público em geral) para informar das decisões a tomar na PAC, após 2020. Segundo Miguel Ângelo Carvalho “o nosso estudo destaca que, com a rápida aproximação da PAC após 2020, existe uma necessidade de melhorar a conservação efetiva dos polinizadores, que deve incidir sobre a melhoria da qualidade e diversidade do habitat no agrossistema, a fim de garantir que este ofereça a gama de recursos e as condições que os polinizadores necessitam na sua atividade. E, de melhoria dos serviços ecológicos e da paisagem, prestados pela agricultura, com o seu apoio efetivo, através de medidas agroambientais diferenciadoras, que promovam as boas práticas.” O ISOPlexis é um Centro de investigação da Universidade da Madeira, que desenvolve atividade nas áreas temáticas de agricultura, sustentabilidade e tecnologia alimentar, com enfoque na agrodiversidade, recursos genéticos para agricultura e alimentação e tecnologia alimentar. Este centro é constituído por 2 grupos de investigação (ISOPLab e QSALab) e por 2 estruturas de investigação e serviços (o BG ISOPlexis (Banco de Germoplasma, que assegura e mantém o Sistema de Documentação e Informação (SDI) do Recursos Genéticos para Agricultura e Alimentação) e o ISOPServiços, que presta serviços analíticos e de consultadoria e desenvolvimento ao tecido empresarial, outros agentes interessados e à comunidade)). O ISOPlexis participa em diversos programas nacionais e internacionais de investigação, contribuindo para a implementação dos Planos Nacional e Europeu para os Recursos Genéticos, participa na Rede Regional de Bancos de Germoplasma do CGIAR/FAO, e tem como parceiros diversos centros de investigação nacionais e internacionais. O ISOPlexis visa contribuir com conhecimento e tecnologia para o setor agrícola e agroalimentar, cooperando no desenvolvimento da bioeconomia. E, participa na implementação da RIS3-RAM nos domínios estratégicos da Biosustentabilidade e Tecnologia Alimentar.